Sindicato de procuradores da Fazenda culpa "governo manso" por falta de cobrança e combate à lavagem de dinheiro. Em um ano, brasileiros pagam mais de R$ 1,6 trilhão em impostos
DIÁRIO DA MANHÃ
DO SITE CONSULTOR JURÍDICO
A sonegação de impostos rouba um quarto de tudo aquilo que o brasileiro paga todos os anos para os governos. Essa é a conclusão do cruzamento do site Congresso em Foco sobre os dados divulgado pelo "Sonegômetro" e "Impostômetro", ferramentas virtuais mantidas pelo Sindicato dos Procuradores da Fazenda (Sinprofaz), Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) e associações comerciais de São Paulo.
Até ao dia 31, o Sonegômetro mostrava a estimativa de R$ 409 bilhões desviados em tributos . Ao mesmo tempo, os brasileiros já haviam contribuído, até a mesma data, com R$ 1,6 trilhão em impostos, contribuições e taxas, de acordo com o Impostômetro. Segundo estudo do Sinprofaz, a sonegação atrapalha a redução de impostos. Caso ela não existisse, seria possível reduzir, em até 28,4%, os impostos pagos pelos brasileiros. A sonegação dos principais tributos "come" 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do País.
Para se ter uma ideia, caso não fossem sonegados, os mais de R$ 400 bilhões desviados poderiam ser usados para triplicar o atual número de servidores públicos federais. O valor extra poderia ser direcionado, por hipótese, para bancar mais médicos, professores da rede pública e policiais.
"Governo manso"
Para o presidente do Sinprofaz, Heráclio Camargo, a mordida, de 25%, daquilo que os brasileiros já pagam em impostos é "absurda". Ele destaca que, além da sonegação bilionária todos os anos, existe um estoque de R$ 1,4 trilhão em débitos não pagos e cobrados na Justiça. Heráclio acusa o o governo federal de ser omisso com a sonegação, mas voraz em cobrar tributos de pessoas pobres e de Classe Média.
"Quem não consegue fugir desse imposto alto são os mais pobres e a Classe Média, que pagam alta tributação no consumo, nos serviços e nos produtos, no supermercado, na papelaria", disse o procurador ao site Congresso em Foco. "A sonegação vem das grandes pessoas jurídicas e das pessoas muito ricas, que têm mecanismos sofisticados para lavar dinheiro – offshore em paraísos fiscais. Isso tudo sob a vista pacífica e quase mansa do governo federal", dispara.
Segundo Heráclio, a alta sonegação de impostos é de "responsabilidade direta" do Ministério da Fazenda e da Advocacia-Geral da União (AGU), à qual são vinculados os procuradores da Fazenda, os responsáveis por cobrar tributos. O sindicalista disse que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem conhecimento da falta de 300 profissionais, da falta de sistema de informática e da carência de pessoal de apoio para que a cobrança de impostos seja efetiva. "São R$ 1,4 trilhão em dívida ativa, mas hoje, temos que escolher os devedores", reclama o presidente do Sinprofaz.
Questionada pela reportagem a respeito das declarações do procurador, a assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda informou que não comentaria o assunto
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